pli selon pli
quando escrevia no linguado sobre o natural, quando escrevi aqui sobre pôr os pés no chão, não quis dizer que nunca nós humanos devíamos ter-nos afastado do selvagem.
primeiro: minha crença e, para todos os efeitos, religião (por que não?) reside na proposição de que nunca nos afastamos da natureza: estamos nela e somos ela também.
segundo: já dizia spencer brown que "o nosso conhecimento do Universo supõe ao mesmo tempo familiaridade e estranheza; ele supõe o nosso exílio".
até onde deve ir esse exílio, qual é o limite para que não haja desligamento total? bem, acredito em uma constante espiritual que determina iterações num espaço de fase que nada mais é do que a evolução da nossa consciência como um sistema. embaralhou? explico: tenho fé (sim, fé) que um possível limite de afastamento está próximo, que será recuperado sentimento de pertencer ao meio; esse movimento de dobra em cima de outra dobra é o que prenunciam os novos paradigmas.
minha fé não aponta para uma força divina, mas um atrator estranho que engloba todo o aparente caos-acaso das relações entre os componentes desse sistema universo. quanto mais caminhamos para o desequilíbrio, mais emergem padrões que contêm o desenho da totalidade do mundo, mais abrigamos sinais de que nosso ambiente não é em volta, mas em tudo.
voltando às palavras e ao seu exercício: dobras que contêm as dobras do mundo, a meu ver. aplico aí minha parte da constante espiritual e tenho um senhor prazer nessa atração estranha.