tag:blogger.com,1999:blog-48684166441178807542024-03-12T22:16:40.891-03:00plurabel, olhos glaucosoutrora semi-literárioplurabelhttp://www.blogger.com/profile/01157782695587036778noreply@blogger.comBlogger50125tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-8816245612085387582010-06-18T12:57:00.000-03:002010-06-18T12:57:29.061-03:00as minhas tarefas solitáriaseu sou solitária. e não da espécie parasita. de uma linhagem outra, da ordem dos acordados, filo sóficos de araque. já entendi tanta coisa, mas nunca entendi bem minha inteligência. sei que sou egocêntrica e tem gente burra que também o é. sei que já tive facilidade para aprender muitas e muitas coisas, mas abandonei as pontas soltas. abandonei as tarefas conjuntas e as motivações. agora empreendo solitariamente algumas antitarefas até que, quem sabe um dia, seja jubilada. <br />
mas não, também o drama eu já quase abandonei. não quero ser jubilada, quero ser reintegrada isso sim. mas mantendo a solitude. os amores raros, os calores quem sabe guardados para as harmonias mais tortas e interessantes. modos, perdi. quero encontrar novos. nesse frio concreto realizar o pretenso vaticínio ali embaixo. a força é o arquétipo do meu nascimento; está suspensa aos pensares e falares, está acumulada do lado esquerdo, até comprimindo os sentires, procuro fogo para derretê-la e quero que ela se esparrame. hoje as minhas tarefas solitárias são pouco túrgidas, são passivas e recalcadas. procura-se um incêndio.Anonymousnoreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-64770199767633824182010-04-07T12:05:00.000-03:002010-04-07T12:05:50.401-03:00and the love that i feel cause it's the time of the yearhoje estava voltando da escola de música e levei um susto quando me dei conta do tom de azul do céu sem nuvens contrastando com a terra vermelha ali no descampadão atrás do balaio, entre a 201 e o setor de autarquias norte. um susto que fez meu coração bater mais forte, apaixonado que é por esta cidade ou o que ela poderia ser. é aquela época do ano. minha favorita, melhor do que aniversário, natal e ano novo tudo junto. cheguei em casa, abri a janela e deixei entrar pela primeira vez desde que vim morar na 216 aquele ar fininho e com as bordas cortantes, friazinhas, que é o condutor da minha disposição entre os meses de abril, maio e o começo de junho. passa tão rápido. mas essa é a época mais propícia a revirar os restos, produzir composto, compor. é agora meu tempo de sacodir esse tapete da sala, levar pra limpar. pegar minha guitarra e tocar com um sorriso na cabeça. não perder as manhãs. reservar a tela do computador para os momentos como este e aqueles outros inevitáveis. tudo o que você podia ser: colocar num porta-retrato e olhar ao acordar. acordar. colocar os pés no chão para, quando subir, aproveitar melhor a vista. visitar as palavras dos outros. captar frequências. endireitar a coluna e se sentir sólida, com bondade. sorrir sozinha. todos os dias. secretamente dedicar coisas. até para a coriza indefectível dei boas-vindas, pois não se pode ignorar as coisas favoritas, não se pode esquecer de festejar os afetos, muito menos quando o movimento é de retirar aquele tampão no olho bom, coloquei no lugar errado, a cola secou. se for para arrancar de uma vez, a hora é esta. são muitas as promessas, por que não fazê-las? são muitos os possíveis escritos, as possíveis audições, possíveis passeios, as fotografias latentes, o coração já azeitado, os músculos esperando o tremor, minha mente cheia de sorrisos e minha boca, acabo de perceber, fazendo aquele jeito de patinho que acontece quando durmo ou quando me perco em tarefas maquinárias e passagens secretas. estou embarcando. a passagem é livre.Anonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-25569232743725992252010-01-30T12:03:00.000-02:002010-01-30T12:03:56.193-02:00desapego, com gostinho de apegoestava lendo uma <a href="http://www.thenation.com/doc/20100208/markowitz/single">resenha</a> de um livro que tenta defender o amor contra o esquecimento e/ou a pasteurização que a autora alega que ele vem sofrendo. fiquei um pouco cética tanto sobre o livro quanto o artigo, pois ambos não delimitam muito bem que amor é esse. parece o tempo todo que o real assunto ali é paixão. enfim, a autora do tal livro quer defender que, sem o amor, a arte sai prejudicada. a autora do artigo diz que a vida como arte sai prejudicada sem o amor, o que já é um pouco mais interessante. mas, honestamente, acho que as duas parecem estar apenas querendo intelectualmente justificar uma vontade de sentir aquele amor que era propagado na literatura de antes e que agora caiu em desuso. de fato, parece que hoje em dia só quem escreve histórias de amor (seja com final feliz ou não) são roteiristas de filme ou autores de best-sellers sem qualidades artísticas. mas o caso, para mim, é que amar e experimentar amor não se relacionam dessa maneira fulcral com a inventividade, com produção artística. inclusive, retomando o que disse há pouco, confesso que pouco me senti inspirada por amor de fato (até mesmo porque pouco experimentei isso). quando era mais nova, por causa de uma paixão "daquelas", passei muito tempo dentro do quarto escrevinhando coisinhas adolescentes porém com pretensões estéticas que eram seríssimas na época, ainda que agora me causem profunda vergonha. depois disso, durante alguns momentos em que acreditei estar apaixonada, também me pus a desenhar ou escrever, a tentar em várias frentes usar como combustível aquela turgidez característica de paixonites. e isso se tornou menos literal gradualmente. o que era produzido não queria ser e nem era uma representação de um sentimento ou de situações envolvendo a vítima da paixonite, mas sim algo tematicamente diferente que usou o momentum daquela vivência para se desenvolver. no fim das contas, e isso já tem um tempo, percebi que o que parecia paixonite não era nem bem isso, era apenas projeção momentânea. depois daquele episódio na adolescência e mais um ou outro pontual nos anos seguintes, acredito não ter realmente me apaixonado, embora tenha produzido quantidade razoável de textinhos, manifestações visuais várias e até sonoras que se desenrolaram sob a sombra de musos diversos. é muito claro hoje que não foi a paixão e nem a grandeza do pobre muso que me alimentaram criativamente, mas sim um mecanismo bastante peculiar: pegar as características propícias da situação e do alvo e retirar o máximo daquilo. fazer tudo isso como se fosse mesmo paixão, mas sabendo que não era, ou que poderia deixar de ser a qualquer momento. sim, pois, para sustentar essa condição, é perigoso conhecer muito o objeto da pseudopaixão, é preciso sempre manter alguma distância. quando entra algo como o amor, não é nem possível falar em distância; não se ama sem proximidade (em sentido amplo). então volto a afirmar, com um pouco de pesar, de fato, que nunca senti esse impulso criativo por causa de amor. e, dadas as devidas ressalvas causadas por adolescência aguda, nem por causa de paixão. a vontade de criar chega em mim por meio de concessões, de malear pontos interessantes numa dinâmica entre dois, de testemunho da criatividade alheia (ouvindo música, por exemplo) ou, mais crucialmente, por contemplação de coisas sem autoria (naturais) ou de autor anônimo (criadas, porém identificadas ao acaso).<br />
é claro que essa minha declaração não ataca o que preocupa a autora do livro, pois ela está preocupada com a grande arte, e deixei de ter sérias pretensões a ela (ou esperanças de alcançá-la); mas acho que meu alvo foi o problema da autora do artigo, que é preservar a vida como obra de arte. ao menos para mim, sentir esse impulso criativo, essa vontade deliberada de inventar (e às vezes a invenção não sai da cabeça, mas ainda assim está se manifestando para mim e de maneira frequentemente incomunicável) é parte imprescindível de considerar minha vida interessante o suficiente para que eu não queira sair no meio da história. mesmo com todos os percalços, alguns até bastante tinhosos. na obra de arte pessoal que desenvolvo, o que é mais importante do que me preocupar com amores e paixões é viver deliberadamente, graciosamente, inventivamente e intrepidamente (emprestando da autora número 1) seja lá qual for a fonte de disposição para isso.Anonymousnoreply@blogger.com39tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-34892291177636623122009-12-08T00:49:00.000-02:002009-12-08T00:49:31.604-02:00sinápticahoje estou assim, quase, quase túrgida, como costumava dizer. não foi o suficiente fazer meu <a href="http://aluzdodia.wordpress.com/2009/12/07/dia-de-modalidades/">diário depoimento</a> em outras paragens, por isso este regresso.<br />
ainda não sei se mantenho esta arena das arengas ou se migro completamente para lá. mas não interessa.<br />
o que esteve retumbando o dia todo foi o pensamento de que sempre busco o mais real do que o real. não é o caso de se iludir exatamente: não é um panteão ao qual professo fé eterna e que se abala com deslocamentos morais. não é esse tipo de escapismo. aliás, embora essa palavra seja bonita, detesto-a. escapar do que, problemas? agruras de trânsito, vaidades, dinheiros, merecimentos, prazos e dores? talvez. em parte. mas esse pacote sinistro não é a definição do real (se liga). não se busca deslumbramento para fugir somente, como se essa fosse a única razão pela qual se imagina qualquer coisa. até porque tenho a desconfiança de que o mais do que real não é só uma questão de imaginação. é quase um desenvolvimento de outros sentidos. ou somente tomada de conhecimento deles, momento a momento. o sentido da força: calibra pesos e velocidades. o sentido da permeabilidade: capaz de ser impresso por refrescâncias e outras temperaturas, ligado à maleabilidade. o sentido circadiano: registrando ritmos e pulsos incessantemente.<br />
o que é, então, essa inconstância aparente, insaciabilidade, essa vontade tão voraz que receio até que irrite aos que a testemunham? sintomas de uma existência mais do que real. de constância na estimulação de sentidos. de constância, sim, nos impulsos exploratórios. de busca também de pontos de apoio mais do que reais, pontos de apoio não exatamente fixos mas que se movem de acordo. busca de cadência. uma tarefa solitária, em parte. mas inexorável.Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-90472594620686376812009-10-26T12:53:00.001-02:002009-10-26T12:54:19.785-02:00dores de crescimentosou tão distraída hoje em dia. será que maturidade é, na verdade, concentração? às vezes digo umas coisas sem pé nem cabeça ou tenho opiniões equivocadas porque ignorei algumas variáveis importantes completamente, ou por ansiedade. ou será que inteligência é concentração? atenção é muito importante. perceptividade (pensei nisso no fim de semana). sou perceptiva para algumas coisas e outras me são quase invisíveis. na verdade, hoje acho que não percebo quase mais nada, vivo num equivalente menos infantil do mundo da lua. quando dizem que uma criança vive lá, é porque se esquece de escovar os dentes, tropeça nas coisas, não ouve o que a mãe diz. ou seja, ligo a expressão a essas reprimendas de adulto; umas razoáveis, outras não. <br />
e hoje vivo no mundo w', digamos assim. é o mundo atual, com o mesmo repertório, porém a mobília está numa fase meio autista. analogias forçadinhas à parte, o irônico é que durante brincadeiras resgatadas da infância ou conversas sobre os modos da outrora escatológica pequena pessoa que fui me sinto menos distraída, menos nesse "mundo da lua" em que enfiam as crianças. elas estão ligadas, sim. muito enraizadas. lidam com as coisas assim que elas aparecem, mesmo que às vezes de maneira alegórica. nós adultos indulgentes sempre deixamos as coisas pra depois e lidamos com seus fantasmas. argh.Anonymousnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-12081290367867480332009-10-08T02:22:00.001-03:002009-10-08T02:24:40.400-03:00voltounão acho bobagem pensar que as coisas pedem um retorno. o fim da música é mais tranquilo quando volta para a tônica. pode ser bonito de outro jeito também. mas existe mesmo essa vontade de resolução pelo resgate. <br />
a memória; nunca mais a subestimo. acho que mais de um ano se foi vivendo no presente. estou saboreando este momento de distorcer a conotação sempre positiva dessa expressão. viver no presente é a mentira mais idiota de que consigo me lembrar agora. parece tão infantil. sem a memória, como desfrutar de qualquer coisa? como sentir que se gosta de algo sem trazer um aprendizado dos sentidos? <br />
recapitular e poder sorrir sozinha de conclusões e fazer ligações entre aquilo lá longe e essa coisa agora que poderia passar despercebida não fosse a memória.<br />
engraçado, nunca gostei daquele quadro do dali, persistência da memória ou do tempo, ou o que o valha, mas bem, acho que tivemos um momento parecido.<br />
sem ela, como eu iria olhar por esta janela aqui ao meu lado/minha frente e ter tanta riqueza de sensações e tanta profusão de palavras se acotovelando? não interessa agora se são bem encadeadas. nem escolhidas. sempre posso voltar e corrigir, se achar que devo. vou lembrar dos critérios, a partir deles talvez escolher novos. poderia descartar esta janela, desmerecer coisas e pessoas, a começar por mim. e é assim que as coisas se estavam encaminhando, de maneira sórdida e silenciosa ao mundo, incrivelmente alta à cabeça sempre quente, estragando travesseiros uma noite depois da outra, sem olhar lá pra fora, desperdiçando. <br />
mas tem muito tempo ainda, e ele persiste. muito o que fazer.<br />
e cada vez menos vergonhas. no plural, muitas e diferentes que eram. <br />
depois de uma pausa, pensei agora que – de fato – vários posts aqui no blog de uma maneira ou de outra se relacionam à memória. e acredito (não fui verificar) que são positivos. aliás, francamente, essa é um característica que aprecio: escrever e se inspirar nos momentos bons. não necessariamente felizes, dá até preguiça de pensar o que é isso de fato, por isso digo "bons"; os momentos de descoberta (ou nada mais que resgate, ave sócrates), de retorno mesmo. <br />
saturno, saturno. vou fingir que você é a lua só um pouquinho. pra poder olhar contemplando, um pouco teatral, algo como uma cerimônia, um ritual ingênuo, como os de adolescente. <br />
mas no início, antes de largar este post, queria escrever um sobre a palavra 'yield'... acho que deu certo.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-77949408023428072142009-09-09T17:31:00.002-03:002009-09-09T17:48:54.530-03:00ranting & ravingàs vezes gosto de pensar que não sinto raiva facilmente. mas isso é auto-engano. exemplo: basta que alguém seja condescendente comigo ou outra mulher por causa da aparência ou de estereótipos para que me fervam os nervos.<br />não é engraçado: já duas vezes em matérias do mestrado os professores me olharam confusos no primeiro dia de aula e vieram perguntar se eu era aluna do mestrado em filosofia (leia-se: você está na sala certa?)... posso estar exagerando, mas uma pulga atrás da orelha direita me convenceu maliciosamente de que os professores em questão não só ficaram desconfiados pois suas classes eram masculinas demais para ter uma aluna como também pelo fato de que não sigo o estereótipo da mulher intelectual.<br />e como ele se caracteriza? bom, em linhas gerais, dá pra perceber que há um acordo tácito segundo o qual mulheres inteligentes não se preocupam com a aparência. daí deriva o resto: nada de maquiagem, nada de usar lentes (só óculos são dignos), nada de salto, nada de roupas e bolsas caras. para maiores angústias quanto à baixa cotação da moda no mundo intelectual, clique <a href="http://dacordeseuvestido.blogspot.com/2009/08/ah-e-so-uma-roupa.html">aqui</a>.<br />o caso é que possivelmente fico muito incomodada também por já ter tido esse preconceito, em alguma medida. que vergonha.<br /><br />por outro lado, tudo isso, raiva ou não, provocou um rearranjo na minha auto-imagem. o que, noves fora, significa mais ou menos o seguinte: faço mestrado em filô do mesmo jeito que o zé pratica canoagem ou a mariazinha processa dados: é um trabalho. tem técnica. tenho gosto por ele, mas não quero que me defina sozinho. tem outros aspectos da vida que considero e sinto que são tão relevantes quanto esse: afeto pela minha família e amigos, senso estético, paladar, senso de humor, impulsos, razões, estratégias... enfim. deu pra ter uma idéia, acho.<br /><br />e o mesmo vale para outras pessoas.<br /><br />e assim admiti que tenho um pouco de preguiça de intelectualidade segundo o grande livro dos estereótipos. e assim me desobriguei totalmente de cultivar certas coisas que não me instigam tanto assim mas que são consideradas obrigatórias pelos corredores da unb. e agora só preciso me convencer 100% de que estou certa, pois toda essa estória está me atrapalhando os estudos.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-27931247751544733212009-08-19T21:55:00.001-03:002009-08-19T22:00:34.557-03:00astronomy domine... anima mearetorno de saturno. aparentemente, estou nele. <br />não sei bem o que acho de astrologia, mas "retorno de saturno" soa. combina com "retumbante". soturno. estorno. saturo. estouro. noturno. ressalto. costuro. <br />então se for verdade que umas constelações me estão pirando os nervos, podem ser de estrelas ou palavras em forma de som.<br />estive hoje comentando: o que tem gosto bom não tem nome feio: camomila, erva-doce, sálvia, alecrim... mas o que tem gosto ruim, sim: boldo, carqueja, mastruz, cáscara...<br />então não se elimina o acaso. acredito muito na sinestesia. mais do que nos astros.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-76513140617187638732009-08-10T10:44:00.003-03:002009-08-10T11:11:24.165-03:00saudade daquele radical ermo contemplativo da infânciaque criança séria que eu era. mas ainda bem. por isso, olhava com força.<br />e assim até hoje guardo uns vislumbres de como era minha cidade naquela época. minha brasília tão aberta que causaria ansiedade nos mais citadinos.<br /><br />sempre lamento pelos cantos toda mudança que o plano piloto sofreu. posso enumerar algumas pragas:<br /><br />* os jardins à la <span style="font-style:italic;">teletubbies</span> que proliferam em canteiros, balões e superquadras;<br />* as infames lajotas que deixam tudo com cara de banheiro do avesso e, como não bastasse, caem na cabeça das pessoas que ainda se atrevem a andar a pé pelas quadras;<br />* os prédios muito grandes na zona central, bloquando a vista dos monumentos do eixo que, afinal, chama-se monumental;<br />* as cercas em todo lugar, prisões disfarçadas: em volta de pilotis (crime! safadeza!) impedindo a livre circulação tão almejada por lucio costa, em volta de parquinhos infantis, de árvores etc;<br />* a proibição de uso do pilotis para qualquer coisa que não seja caminhar do estacionamento à portaria. crianças deveriam brincar nele, afinal;<br />* tamanhos inaceitáveis de letreiros, além do mau-gosto;<br />* falta de manutenção na torre e no parque da cidade, também em prédios sob responsabilidade do governo (federal ou distrital): os da unb, da escola de música, das escolas classe e parque, espaço cultural da 508 e por aí vai;<br />* quaisquer reformas nos prédios que tirem o caráter arquitetônico inicial. por que não apenas lixar e encerar o concreto, cuidar das pastilhas...? filisteus!<br /><br />felizmente, para minha sanidade e conforto, a cidade e minha memória em conjunto conseguem produzir sensações que remetem ao passado saudoso. não são exclusivamente visuais, mas momentos sinestésicos, varrendo a abrangência de sentidos que um dia vivenciaram com incrível consciência as cores, relances, climas, razões, texturas e caminhos de brasília.<br /><br />os gatilhos variam; tenho a impressão de que frequentemente são nuances de luz sobre prédios e árvores, sobre o lago. ou este céu inevitável, indefectível e maravilhoso. o concreto, algum vestígio de paisagismo setentista, um pouco de athos, marcílio, lelé, lucio. pau-ferro no eixão sul e os comparsas ipês e sibipirunas. algumas espatódias e callistemon, embora exóticas. pequenos trechos de curvas e jardins e até pedaços de asfalto sem novos desvios. praça portugal. praça do conjunto, um pouco. dependendo da hora do dia.<br /><br />se no futuro esse meu contentamento com a miséria de lembranças que tenho acabar, ou se todo vestígio da minha brasília sumir, vou-me embora daqui, só não sei pra onde.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-55517196047504151752009-06-04T21:42:00.003-03:002009-06-04T21:48:04.287-03:00a volta dos que não forammangas arregaçadas, ponho-me depois de tanto tempo novamente a dar palpites. pensei nisso o dia todo, embora as palavras futuras não tenham me dado o ar de sua graça, aquela prévia que antes sempre tinha em pedaços quando saía nas minhas caminhadas. mas a sensação de que poderia tentar de novo. quem me conhece, já captou: é aquela época do ano. o inverninho de brasília, antes de secar até o osso. <br /><br />neste dia tudo começou com a primeira caminhada depois da mudança de endereço, aqui pela vizinhança. me segurando agora para não adjetivar o conhecer passo a passo dessa nova empreitada. uma trajetória já tão familiar de carro, mas tão estranha e sedutora pé ante pé: nova para os sentidos de crivo fino. (foram poucos adjetivos). já são nove meses: só contei agora, de introversão emparedada (de gesso, infelizmente), a vida na torre que, efeitos deletérios descontados, dá justo contraste para o descortinar inevitavelmente junino.<br /><br />por isso tudo me perdoem qualquer afetação, quaisquer palavras cheias de si, ou uns ares de empoamento. é só para garantir a diversão (minha). saudade.<br /><br />ficha técnica:<br />caminhada do dia: 8h, pela QI/QL 1 do lago norte.<br />ouvindo durante: teaser and the firecat, cat stevens<br />ouvindo ao escrever: gnossiennes 1, 2 e 3, erik satie (roland pöntinen)<br />ouvindo agora: gymnopèdies 1, idem acima<br />esqueci de falar sobre: voltar a ouvir música. sim, voltar a ouvir música. ah, e sobre a luz.Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-88333884617640706952008-12-10T11:38:00.004-02:002008-12-10T12:23:26.240-02:00algumas dicas para escrever melhormodestamente, gostaria de deixar aqui algumas dicas para escrever melhor baseadas em erros comuns que detecto no trabalho de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Copyeditor">copidesque</a>. por favor não digam que é esnobismo... eu mesma posso cometer tais erros. se alguém quiser fuçar este blog e pinçar alguns, vai conseguir. o ponto não é acusar quem erra de burrice ou falta de atenção, é puramente oferecer dicas bastante simples de como melhorar um texto. muitas vezes correções mínimas fazem toda a diferença.<br />vamos lá:<br /><br />• 'esta', 'este' e 'isto' não são a versão correta e formal de 'essa', 'esse' e 'isso'. a regra para uso é a seguinte: se o pronome se refere a algo já mencionado, usa-se os com 'ss', se for a algo que será mencionado depois, usa-se os com 'st'. exemplo 1: "pafúncio tem um amigo ianomami. ele vive falando sobre esse amigo." exemplo 2: "devo apenas pedir-te isto: que jamais deixes de ser o pândego que és."<br /><br />• existem algumas expressões que parecem embelezar e formalizar um texto. são comuns: 'de modo a', 'em virtude de', 'de maneira que', 'junto a', 'por parte de', 'elemento' (para substituir qualquer nome de objeto), 'que possa vir a'(em alguns casos) etc. é bom não abusar delas, pois podem "carregar" o texto e dificultar a compreensão das idéias. ir direto ao ponto e usar palavrinhas simples como 'para', 'com','por' e outras menos pomposas torna a leitura mais fluente. um texto bem escrito é um texto correto e claro, não um texto maquiado. é claro que a coisa muda se o texto for literário ou se tiver pitadas poéticas/literárias/cômicas, mas para isso é preciso ter estilo e não abusar de expressões batidas.<br />exemplo: "deve haver iluminação por sensor de presença para períodos noturnos a fim de propiciar visibilidade por parte do sistema de CFTV." reescreveria assim: "deve haver iluminação acionada por sensor de presença nos períodos noturnos para garantir visibilidade ao sistema de CFTV."<br /><br />• 'etc' não deve ser precedido por vírgula, pois abrevia 'et coetera', que já contém um 'e'. o 'et', portanto, é o responsável pela abolição da vírgula nesses casos.<br /><br />• 'aonde' é diferente de 'onde'. não são intercambiáveis. 'aonde' equivale a 'a onde', ou seja, para onde; deve ser usado assim: "aonde você vai?". <br /><br />mas preciso voltar ao trabalho. depois, se não ficar com preguiça, publico mais algumas dicas.<br />se, apesar das ressalvas, alguém ainda achar esta postagem antipática, favor me avisar. não vou ficar com rancor, mas vou ficar triste! elas são úteis, afinal.Anonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-58745681225891502282008-11-28T11:36:00.005-02:002008-11-28T11:53:39.369-02:00tableau!imagino se o manuel bandeira estava a falar de lógica quando pôs esse nome num poeminha (sim, no diminutivo. reclamações: dirija-se ao balcão). <br />nah. ele não era assim um joão cabral.<br />bem, eu adoro fazer <span style="font-style:italic;">tableaux</span>, são excelente sucedâneos a palavras cruzadas em viagens. estou em campinas, viagem de ensejo conjugal-afetivo, num quarto de hotel, furiosamente provando teoremas mais facilmente prováveis do que a fatalidade da solidão para mulheres acima de 40 anos, tentando pensar em como tornar este blog algo mais respeitável.<br />já não faço mais semi-literatura, não porque "mãe, não consigo!", mas porque não quero.<br />mas as coisas que gostaria de contar sobre meu dia ainda não ocorreram; as coisas que gostaria de explicar, ainda não as entendo bem o suficiente; o estilo que gostaria de usar nesse novo rumo de escrita, ainda não o desenvolvi e, por fim, ainda não acabou-se o ano: e como isso faz diferença.<br />nunca antes estive tão ocupada, nunca fui tão pouco gazeteira, embora ainda o seja em intensidade preocupante. <br />e que isso melhore. e que este blog tenha menos e menos posts a não ser que sejam do tipo semi-tacitamente descrito acima. nesse caso, que tenha vários.Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-40259191434050827742008-10-19T21:58:00.001-02:002008-10-19T21:59:47.075-02:00"Celebrity is absolutely preposterous. Entertainment seems to be inflating. It used to be the punctuation to your life, a film or a novel or a play, a way of celebrating a good week or month. Now it feels as if it's all punctuation. The people I admire are those blokes in Fair Isle sweaters with pencils behind their ears who knew how to design mechanical things better than anybody else in the world."<br /><br />Hugh Laurie<br /><br /><br />(meu blog oficialmente virou um repositório de citações não necessariamente iluminadoras, como mil outros por aí. tudo bem. tenho outras prioridades.)Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-81647560396734670532008-10-16T15:31:00.001-03:002008-10-16T15:32:37.548-03:00It does not say and it does not hide, it intimates.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-27945413035045972582008-10-13T22:38:00.000-03:002008-10-13T22:39:21.747-03:00nota de falecimento caninoatena foi pro céu dos cachorritos domingo último, tolhida pelo mal que acomete todo inocente boxer (que não é atropelado ao sair pra farra): câncer. no entanto, ela esteve serelepe até os últimos dias, latindo bastante pro mocinho da caesb e comendo pão com manteiga. disse o veterinário que ela possivelmente nem sentiu dor, apenas seu coraçãozinho cansou do agito. parece que até levantou e deu uns passinhos antes de se retirar, com certeza com seu rebolado característico. rip 'palas' atena.Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-59432193602763379112008-10-02T16:50:00.000-03:002008-10-02T16:53:50.900-03:00platitudes supostas..."I would never die for my beliefs because I might be wrong."<br /><br />Atribuído a Bertrand Russell.Anonymousnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-56457061391308702702008-08-30T12:42:00.002-03:002008-08-30T12:45:13.924-03:00sonoquase todo tempo livre que me sobra agora é tomado por um sono inexorável. passei aqui apenas para dar sinal de vida a quem quer que porventura me visite. deixo a dica de conferir a lista dos meus favoritos no stumble upon (lista e links ao lado), tem artigos interessantes e páginas curiosas.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-42966755431009649932008-06-26T06:06:00.004-03:002008-06-26T06:23:15.704-03:00rabugices de 6 da manhã<span style="font-style:italic;">Today's fortune: The heart is wiser than the intellect</span><br /><br />talvez esse tipo de frase não só me dê calafrios como seja um dos problemas que enxergo no modo de falar analógico. não cabe ao coração ser sábio, afinal, "sábio" costuma ser característica atribuída a pessoas completas e com aparelho cognitivo, memória, capacidade discursiva etc. mas esse não é nem o primeiro porém que faz travar esta que aqui arenga. o que se quer dizer por "coração"? as emoções, suponho, ou algo que o valha. pois bem, é engraçado, mas usar o coração para unificar as emoções é algo que não puramente satisfaz uma necessidade de simplificar o discurso mas também acaba por unificar o que, creio, são coisas diversíssimas e numerosíssimas. as emoções, ainda (ou o que as valha). não acho que seja possível fazer essa unificação sem problemas. não sei bem quais são os problemas (nem mal). mas acho suspeito. me cheira como mais um dos buracos que a linguagem analógica tenta tapar, ou fazer parecer preenchidos por uma certa perspectiva, um jogo de espelhos e lentes... nesse ponto, é claro, me vejo mais uma vez usando o próprio recurso que é objeto das minhas rabugices. quero entender melhor diferenças entre metáfora, analogia, alegoria, ironia, metonímia etc. tenho alguns pontos de partida. ah, importante: aqui no blog NÃO estou fazendo filosofia nem teorizando sobre a linguagem, APENAS descarregando pífias representações, às vezes mais, às vezes menos, cifradas de emoções difíceis de se classificar e que não concordam com a sorte do orkut. esta rabugice não é nem um pouco mais sábia do que o intelecto. aliás, acho que tampouco faz sentido dizer que o intelecto pode ser sábio, por motivos similares aos opacamente esboçados ali em cima. enfim, são 6h20 da manhã e preciso terminar um trabalho.Anonymousnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-47446517724115035892008-05-22T10:31:00.004-03:002008-05-22T10:38:58.134-03:00este post não é auto-referencial e nem metalingüístico no âmbito do blog"<span style="font-style:italic;">É isso precisamente que estamos fazendo aqui. Estamos confrontando uma forma de linguagem com seu ambiente, ou transformando-a na imaginação a fim de obter uma visão panorâmica do espaço em que a estrutura da nossa linguagem se coloca.</span>"<br /><br />L.W.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-44065674155679835662008-04-27T21:22:00.000-03:002008-04-27T21:23:44.173-03:00in media resperguntou, mãos repousadas nos meus ombros: que sentido você dá aos seus sentidos, se algum?<br /><br />ao que defendi assim: me comove hospedá-los. mais um subterfúgio?<br /><br />assentiu, e as mãos deslizaram ao pescoço.<br /><br />pensei em ter, mais uma vez, falado indiretamente, tentado intimar. dentro da boca, quase na garganta, a nitidez do medo, a familiar antecipação. ainda coube, num segundo, a consideração de que talvez por sempre ter contemplado meus limites, tenha-se afigurado o entrever constante do que não cabe. enfim, disse: sustentá-los pelo verbo, dar-lhes estrutura. esse o sentido. a verbalidade latente, mesmo não engendrada. o que não é dito, é dito. o resto, da natureza de que não se pode nem mesmo não dizer, ou dizer. <br /><br />mãos do pescoço aos joelhos, e de volta atrás da própria cabeça. me lançou olhos rapidamente, no que logo completou: mas você ainda contorna o contorno, ao achar que deve falar sobre o que move aquilo que te move. não é seu. o que é, enfim, seu?<br /><br />cada pergunta, uma imagem do seguinte campo: muro, barragem, parede. me confundiram com santa, me pediram graças. ou me reconheceram no embaraço em que faço casa desde sempre. ou me reconheci. por que não poderia continuar respondendo com indícios? não era um caso psicológico. assim não resolveria.<br /><br />ele sustentava o olhar, esperando. sua expressão solidamente decidida. como se quisesse (secretamente) me ajudar, doar precisão. com gentileza, pressionei seus ombros para que recostasse e, envolvendo-o, enunciei: você está sempre certo.Anonymousnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-71610753846595264142008-04-25T11:41:00.002-03:002008-04-25T11:50:33.029-03:00interlúdiodias de estudo e trabalho intenso. produção com palavras não literária, portanto.<br /><br />de estético, que tenho a oferecer no momento, talvez minhas novas fotos no <a href="http://www.orkut.com/Album.aspx?uid=9168005920437788041&aid=1209033594">orkut</a>.<br /><br />ademais, deixo o link aqui para um <a href="http://www.divshare.com/download/2954177-faf">álbum um pouco estranho</a>, mas de que gostei muito. é de um conjunto chamado <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/White_Noise_%28band%29">white noise</a>, do final dos anos 60, inglês. early electronic.Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-61960172765508070822008-03-27T19:10:00.003-03:002008-03-27T19:21:40.628-03:00uma combinação.<span style="font-weight:bold;">odisseu.</span> <span style="font-style:italic;">para onde evoluímos?</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">tirésias.</span> <span style="font-style:italic;">para ver o futuro, deve-se olhar para o passado. ainda que sejam idos em parte imaginários. o próprio presente e o futuro falam, também, por meio de parábolas mais ou menos conectadas e empreendidas por aqueles que lhos dão voz. sintetizam-se todos numa assíntota (em sua classe, tendem ao infinito) formada por pontos (encruzilhadas) determinados por variáveis padrões de iteração produzidos na imaginação. nas mentes que apontam, colhem, contrapõem referências, pressupõem materialidade. o futuro, de sua perspectiva projetada, é sempre necessário.</span><br /><span style="font-weight:bold;"><br />odisseu.</span> <span style="font-style:italic;">vejo as ondas, no mar, como trilhos. descrevem arcos que sustentam os caminhos por onde posso navegar. não posso seguir cada um com os olhos ao mesmo tempo, nem guiar a embarcação por todos. tenho dormido, tirésias, com o olho direito aberto. a cada clarão, posso vislumbrar partes de jornadas semelhantes, conduzidas por vagas análogas. </span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">tirésias.</span> <span style="font-style:italic;">as analogias, odisseu, disse-me bem, fundam-se em comum substrato, ao mesmo tempo em que fundem-se em outras vagas, trilhos, por sua vez. não são referências senão sentidos, não são juízos senão poética.</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">odisseu.</span> <span style="font-style:italic;">assim que, por vezes, vejo adiante da névoa, em alta definição, algo de tão pristino que escuto a própria flauta de pã. me estremeço, minha anatomia toda solta, lançada no ataque mais belo ao próprio cerne. ali está a embarcação feita de superfícies e submundos, em seu equilíbrio de luz e sombra, radiante cinza.</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">tirésias.</span> <span style="font-style:italic;">e assim há de ser, diz-me a deusa.</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">odisseu. </span><span style="font-style:italic;">não obstante, devo dizer, se, não entregue a morfeu, ponho-me em posição de escrutínio, seguro o leme com toda vitalidade, coisa bem diversa se me assoma. um naufrágio, chegado à costa, já abandonado pelos sobreviventes. talvez tenha-se chocado contra mais potente encouraçado. me enleva a visão, no entanto, tirésias. ali onde outrora se procurava a terra prometida (a própria casa), meio à desmaterialização em processo, vibravam ninhos de pássaros cantadores, musgo de um verde somente sonhado, líquens de todas as cores e poças de água do mar refletindo o céu, prateando o cenário. </span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">tirésias.</span> <span style="font-style:italic;">e assim há de ser, diz-me a deusa.</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">odisseu.</span> <span style="font-style:italic;">valham-me, então, os deuses, por haver aprendido a apreciar a música de pã, e não me afligir com contrariedades senão com contradições. vejo, em meus próprios augúrios, belas noções. não temo, tirésias, tendo fitado o infinito nos entremeios do mar imenso, os deuses que, de tão distantes, podem apenas valer-me, porém não me tocam a pele. fiz-me filho de narrativas que eu mesmo empreendi, companheiro de que senão a beleza que aceito e traduzo, sol após sol, em revoluções ciclicamente apresentadas, em aparições gloriosamente pequenas, presenças robustas. </span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">coro.</span> <span style="font-style:italic;">somos, agora, necessariamente, tanto odisseu quanto tirésias, um nos cabelos do outro, nos espaços e além. estamos onde quebra a onda que vem desenrolando-se nos trilhos de ventos penetrantes, não soprados porém sussurrados. não somos nem tampouco odisseu ou tirésias, nem perguntas ou respostas, nem mesmo fomos sintetizados senão somos as próprias ondas e os trilhos em seu propósito de conduzir. as reverberações possíveis de uma combinação precisa e única de atrito e momentum. tendendo ao infinito.</span>Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-50379306182531237572008-03-26T22:47:00.002-03:002008-03-26T22:51:39.208-03:00desafinidadesé engraçado se esquecer de que certas coisas com que muito se lida não são cotidianas para a maioria das pessoas (pois elas vivem dentro da própria cabeça e não da de outrem). e, dessas coisas, fala-se, gesticula-se animadamente, tudo com muita naturalidade, até que depois, na solidão, vem a ressaca verbal. hehe. mas não é dramático, é engraçado.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-53897124095338786032008-03-21T19:22:00.005-03:002008-03-21T19:29:26.787-03:00323 velinhasdesta vez vou deixar algo melhor do que mais um post escrito em deslíngua.<br />para comemorar o aniversário de bach (o js), <a href="http://rapidshare.com/files/3718190/Bach__JS___Complete_Orchestral_Works_6_de_8.rar">concertos de brandenburgo</a>.<br /><br />daquelas coisas que fazem o mundo valer a pena.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4868416644117880754.post-90874428992206150732008-03-06T16:46:00.001-03:002008-03-06T16:47:58.835-03:00(agora)sem a música constante, todas as coisas fotografadas gritam, todas menos a boca.Anonymousnoreply@blogger.com0