quinta-feira, 9 de agosto de 2007

grounding

o chão é composto por várias partes, nem todas embaixo dos pés. não possui a chanura aparente de pisos e tábuas corridas.
o chão que piso, aquele em que sinto meu pé pisar, está à beira do desequilíbrio. organiza-se, no entanto, dia após outro, sistemática porém não linearmente com seus canais de circulação, os muitos objetos e os verdes e vinhos, a mirada larga lá para fora. complexifica-se. as dobras da amoreira, da bananeira, o composto, o gramado, tudo isso é chão também. piso com pés, mãos, olhos, nariz. a estante quase invisível de tão presente. estas palavras sem o cuidado que merecem. querem comunicar o chão, mas não representar. ele se percorre todos os dias no fundo dos olhos, dos pés, das mãos e do nariz.
espero que ele se abra, que sofra uma cisma e que vire uma fenda e mil pedacinhos entre a solidez de paredes ainda fortes. e que a fenda, de maneira emergente, abrigue muitas pessoas e muitas coisas e os fragmentos sejam altamente digeríveis.

Nenhum comentário: