quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ranting & raving

às vezes gosto de pensar que não sinto raiva facilmente. mas isso é auto-engano. exemplo: basta que alguém seja condescendente comigo ou outra mulher por causa da aparência ou de estereótipos para que me fervam os nervos.
não é engraçado: já duas vezes em matérias do mestrado os professores me olharam confusos no primeiro dia de aula e vieram perguntar se eu era aluna do mestrado em filosofia (leia-se: você está na sala certa?)... posso estar exagerando, mas uma pulga atrás da orelha direita me convenceu maliciosamente de que os professores em questão não só ficaram desconfiados pois suas classes eram masculinas demais para ter uma aluna como também pelo fato de que não sigo o estereótipo da mulher intelectual.
e como ele se caracteriza? bom, em linhas gerais, dá pra perceber que há um acordo tácito segundo o qual mulheres inteligentes não se preocupam com a aparência. daí deriva o resto: nada de maquiagem, nada de usar lentes (só óculos são dignos), nada de salto, nada de roupas e bolsas caras. para maiores angústias quanto à baixa cotação da moda no mundo intelectual, clique aqui.
o caso é que possivelmente fico muito incomodada também por já ter tido esse preconceito, em alguma medida. que vergonha.

por outro lado, tudo isso, raiva ou não, provocou um rearranjo na minha auto-imagem. o que, noves fora, significa mais ou menos o seguinte: faço mestrado em filô do mesmo jeito que o zé pratica canoagem ou a mariazinha processa dados: é um trabalho. tem técnica. tenho gosto por ele, mas não quero que me defina sozinho. tem outros aspectos da vida que considero e sinto que são tão relevantes quanto esse: afeto pela minha família e amigos, senso estético, paladar, senso de humor, impulsos, razões, estratégias... enfim. deu pra ter uma idéia, acho.

e o mesmo vale para outras pessoas.

e assim admiti que tenho um pouco de preguiça de intelectualidade segundo o grande livro dos estereótipos. e assim me desobriguei totalmente de cultivar certas coisas que não me instigam tanto assim mas que são consideradas obrigatórias pelos corredores da unb. e agora só preciso me convencer 100% de que estou certa, pois toda essa estória está me atrapalhando os estudos.

Nenhum comentário: