quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

algumas dicas para escrever melhor

modestamente, gostaria de deixar aqui algumas dicas para escrever melhor baseadas em erros comuns que detecto no trabalho de copidesque. por favor não digam que é esnobismo... eu mesma posso cometer tais erros. se alguém quiser fuçar este blog e pinçar alguns, vai conseguir. o ponto não é acusar quem erra de burrice ou falta de atenção, é puramente oferecer dicas bastante simples de como melhorar um texto. muitas vezes correções mínimas fazem toda a diferença.
vamos lá:

• 'esta', 'este' e 'isto' não são a versão correta e formal de 'essa', 'esse' e 'isso'. a regra para uso é a seguinte: se o pronome se refere a algo já mencionado, usa-se os com 'ss', se for a algo que será mencionado depois, usa-se os com 'st'. exemplo 1: "pafúncio tem um amigo ianomami. ele vive falando sobre esse amigo." exemplo 2: "devo apenas pedir-te isto: que jamais deixes de ser o pândego que és."

• existem algumas expressões que parecem embelezar e formalizar um texto. são comuns: 'de modo a', 'em virtude de', 'de maneira que', 'junto a', 'por parte de', 'elemento' (para substituir qualquer nome de objeto), 'que possa vir a'(em alguns casos) etc. é bom não abusar delas, pois podem "carregar" o texto e dificultar a compreensão das idéias. ir direto ao ponto e usar palavrinhas simples como 'para', 'com','por' e outras menos pomposas torna a leitura mais fluente. um texto bem escrito é um texto correto e claro, não um texto maquiado. é claro que a coisa muda se o texto for literário ou se tiver pitadas poéticas/literárias/cômicas, mas para isso é preciso ter estilo e não abusar de expressões batidas.
exemplo: "deve haver iluminação por sensor de presença para períodos noturnos a fim de propiciar visibilidade por parte do sistema de CFTV." reescreveria assim: "deve haver iluminação acionada por sensor de presença nos períodos noturnos para garantir visibilidade ao sistema de CFTV."

• 'etc' não deve ser precedido por vírgula, pois abrevia 'et coetera', que já contém um 'e'. o 'et', portanto, é o responsável pela abolição da vírgula nesses casos.

• 'aonde' é diferente de 'onde'. não são intercambiáveis. 'aonde' equivale a 'a onde', ou seja, para onde; deve ser usado assim: "aonde você vai?".

mas preciso voltar ao trabalho. depois, se não ficar com preguiça, publico mais algumas dicas.
se, apesar das ressalvas, alguém ainda achar esta postagem antipática, favor me avisar. não vou ficar com rancor, mas vou ficar triste! elas são úteis, afinal.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

tableau!

imagino se o manuel bandeira estava a falar de lógica quando pôs esse nome num poeminha (sim, no diminutivo. reclamações: dirija-se ao balcão).
nah. ele não era assim um joão cabral.
bem, eu adoro fazer tableaux, são excelente sucedâneos a palavras cruzadas em viagens. estou em campinas, viagem de ensejo conjugal-afetivo, num quarto de hotel, furiosamente provando teoremas mais facilmente prováveis do que a fatalidade da solidão para mulheres acima de 40 anos, tentando pensar em como tornar este blog algo mais respeitável.
já não faço mais semi-literatura, não porque "mãe, não consigo!", mas porque não quero.
mas as coisas que gostaria de contar sobre meu dia ainda não ocorreram; as coisas que gostaria de explicar, ainda não as entendo bem o suficiente; o estilo que gostaria de usar nesse novo rumo de escrita, ainda não o desenvolvi e, por fim, ainda não acabou-se o ano: e como isso faz diferença.
nunca antes estive tão ocupada, nunca fui tão pouco gazeteira, embora ainda o seja em intensidade preocupante.
e que isso melhore. e que este blog tenha menos e menos posts a não ser que sejam do tipo semi-tacitamente descrito acima. nesse caso, que tenha vários.

domingo, 19 de outubro de 2008

"Celebrity is absolutely preposterous. Entertainment seems to be inflating. It used to be the punctuation to your life, a film or a novel or a play, a way of celebrating a good week or month. Now it feels as if it's all punctuation. The people I admire are those blokes in Fair Isle sweaters with pencils behind their ears who knew how to design mechanical things better than anybody else in the world."

Hugh Laurie


(meu blog oficialmente virou um repositório de citações não necessariamente iluminadoras, como mil outros por aí. tudo bem. tenho outras prioridades.)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

It does not say and it does not hide, it intimates.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

nota de falecimento canino

atena foi pro céu dos cachorritos domingo último, tolhida pelo mal que acomete todo inocente boxer (que não é atropelado ao sair pra farra): câncer. no entanto, ela esteve serelepe até os últimos dias, latindo bastante pro mocinho da caesb e comendo pão com manteiga. disse o veterinário que ela possivelmente nem sentiu dor, apenas seu coraçãozinho cansou do agito. parece que até levantou e deu uns passinhos antes de se retirar, com certeza com seu rebolado característico. rip 'palas' atena.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

platitudes supostas...

"I would never die for my beliefs because I might be wrong."

Atribuído a Bertrand Russell.

sábado, 30 de agosto de 2008

sono

quase todo tempo livre que me sobra agora é tomado por um sono inexorável. passei aqui apenas para dar sinal de vida a quem quer que porventura me visite. deixo a dica de conferir a lista dos meus favoritos no stumble upon (lista e links ao lado), tem artigos interessantes e páginas curiosas.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

rabugices de 6 da manhã

Today's fortune: The heart is wiser than the intellect

talvez esse tipo de frase não só me dê calafrios como seja um dos problemas que enxergo no modo de falar analógico. não cabe ao coração ser sábio, afinal, "sábio" costuma ser característica atribuída a pessoas completas e com aparelho cognitivo, memória, capacidade discursiva etc. mas esse não é nem o primeiro porém que faz travar esta que aqui arenga. o que se quer dizer por "coração"? as emoções, suponho, ou algo que o valha. pois bem, é engraçado, mas usar o coração para unificar as emoções é algo que não puramente satisfaz uma necessidade de simplificar o discurso mas também acaba por unificar o que, creio, são coisas diversíssimas e numerosíssimas. as emoções, ainda (ou o que as valha). não acho que seja possível fazer essa unificação sem problemas. não sei bem quais são os problemas (nem mal). mas acho suspeito. me cheira como mais um dos buracos que a linguagem analógica tenta tapar, ou fazer parecer preenchidos por uma certa perspectiva, um jogo de espelhos e lentes... nesse ponto, é claro, me vejo mais uma vez usando o próprio recurso que é objeto das minhas rabugices. quero entender melhor diferenças entre metáfora, analogia, alegoria, ironia, metonímia etc. tenho alguns pontos de partida. ah, importante: aqui no blog NÃO estou fazendo filosofia nem teorizando sobre a linguagem, APENAS descarregando pífias representações, às vezes mais, às vezes menos, cifradas de emoções difíceis de se classificar e que não concordam com a sorte do orkut. esta rabugice não é nem um pouco mais sábia do que o intelecto. aliás, acho que tampouco faz sentido dizer que o intelecto pode ser sábio, por motivos similares aos opacamente esboçados ali em cima. enfim, são 6h20 da manhã e preciso terminar um trabalho.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

este post não é auto-referencial e nem metalingüístico no âmbito do blog

"É isso precisamente que estamos fazendo aqui. Estamos confrontando uma forma de linguagem com seu ambiente, ou transformando-a na imaginação a fim de obter uma visão panorâmica do espaço em que a estrutura da nossa linguagem se coloca."

L.W.

domingo, 27 de abril de 2008

in media res

perguntou, mãos repousadas nos meus ombros: que sentido você dá aos seus sentidos, se algum?

ao que defendi assim: me comove hospedá-los. mais um subterfúgio?

assentiu, e as mãos deslizaram ao pescoço.

pensei em ter, mais uma vez, falado indiretamente, tentado intimar. dentro da boca, quase na garganta, a nitidez do medo, a familiar antecipação. ainda coube, num segundo, a consideração de que talvez por sempre ter contemplado meus limites, tenha-se afigurado o entrever constante do que não cabe. enfim, disse: sustentá-los pelo verbo, dar-lhes estrutura. esse o sentido. a verbalidade latente, mesmo não engendrada. o que não é dito, é dito. o resto, da natureza de que não se pode nem mesmo não dizer, ou dizer.

mãos do pescoço aos joelhos, e de volta atrás da própria cabeça. me lançou olhos rapidamente, no que logo completou: mas você ainda contorna o contorno, ao achar que deve falar sobre o que move aquilo que te move. não é seu. o que é, enfim, seu?

cada pergunta, uma imagem do seguinte campo: muro, barragem, parede. me confundiram com santa, me pediram graças. ou me reconheceram no embaraço em que faço casa desde sempre. ou me reconheci. por que não poderia continuar respondendo com indícios? não era um caso psicológico. assim não resolveria.

ele sustentava o olhar, esperando. sua expressão solidamente decidida. como se quisesse (secretamente) me ajudar, doar precisão. com gentileza, pressionei seus ombros para que recostasse e, envolvendo-o, enunciei: você está sempre certo.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

interlúdio

dias de estudo e trabalho intenso. produção com palavras não literária, portanto.

de estético, que tenho a oferecer no momento, talvez minhas novas fotos no orkut.

ademais, deixo o link aqui para um álbum um pouco estranho, mas de que gostei muito. é de um conjunto chamado white noise, do final dos anos 60, inglês. early electronic.

quinta-feira, 27 de março de 2008

uma combinação.

odisseu. para onde evoluímos?

tirésias. para ver o futuro, deve-se olhar para o passado. ainda que sejam idos em parte imaginários. o próprio presente e o futuro falam, também, por meio de parábolas mais ou menos conectadas e empreendidas por aqueles que lhos dão voz. sintetizam-se todos numa assíntota (em sua classe, tendem ao infinito) formada por pontos (encruzilhadas) determinados por variáveis padrões de iteração produzidos na imaginação. nas mentes que apontam, colhem, contrapõem referências, pressupõem materialidade. o futuro, de sua perspectiva projetada, é sempre necessário.

odisseu.
vejo as ondas, no mar, como trilhos. descrevem arcos que sustentam os caminhos por onde posso navegar. não posso seguir cada um com os olhos ao mesmo tempo, nem guiar a embarcação por todos. tenho dormido, tirésias, com o olho direito aberto. a cada clarão, posso vislumbrar partes de jornadas semelhantes, conduzidas por vagas análogas.

tirésias. as analogias, odisseu, disse-me bem, fundam-se em comum substrato, ao mesmo tempo em que fundem-se em outras vagas, trilhos, por sua vez. não são referências senão sentidos, não são juízos senão poética.

odisseu. assim que, por vezes, vejo adiante da névoa, em alta definição, algo de tão pristino que escuto a própria flauta de pã. me estremeço, minha anatomia toda solta, lançada no ataque mais belo ao próprio cerne. ali está a embarcação feita de superfícies e submundos, em seu equilíbrio de luz e sombra, radiante cinza.

tirésias. e assim há de ser, diz-me a deusa.

odisseu. não obstante, devo dizer, se, não entregue a morfeu, ponho-me em posição de escrutínio, seguro o leme com toda vitalidade, coisa bem diversa se me assoma. um naufrágio, chegado à costa, já abandonado pelos sobreviventes. talvez tenha-se chocado contra mais potente encouraçado. me enleva a visão, no entanto, tirésias. ali onde outrora se procurava a terra prometida (a própria casa), meio à desmaterialização em processo, vibravam ninhos de pássaros cantadores, musgo de um verde somente sonhado, líquens de todas as cores e poças de água do mar refletindo o céu, prateando o cenário.

tirésias. e assim há de ser, diz-me a deusa.

odisseu. valham-me, então, os deuses, por haver aprendido a apreciar a música de pã, e não me afligir com contrariedades senão com contradições. vejo, em meus próprios augúrios, belas noções. não temo, tirésias, tendo fitado o infinito nos entremeios do mar imenso, os deuses que, de tão distantes, podem apenas valer-me, porém não me tocam a pele. fiz-me filho de narrativas que eu mesmo empreendi, companheiro de que senão a beleza que aceito e traduzo, sol após sol, em revoluções ciclicamente apresentadas, em aparições gloriosamente pequenas, presenças robustas.

coro. somos, agora, necessariamente, tanto odisseu quanto tirésias, um nos cabelos do outro, nos espaços e além. estamos onde quebra a onda que vem desenrolando-se nos trilhos de ventos penetrantes, não soprados porém sussurrados. não somos nem tampouco odisseu ou tirésias, nem perguntas ou respostas, nem mesmo fomos sintetizados senão somos as próprias ondas e os trilhos em seu propósito de conduzir. as reverberações possíveis de uma combinação precisa e única de atrito e momentum. tendendo ao infinito.

quarta-feira, 26 de março de 2008

desafinidades

é engraçado se esquecer de que certas coisas com que muito se lida não são cotidianas para a maioria das pessoas (pois elas vivem dentro da própria cabeça e não da de outrem). e, dessas coisas, fala-se, gesticula-se animadamente, tudo com muita naturalidade, até que depois, na solidão, vem a ressaca verbal. hehe. mas não é dramático, é engraçado.

sexta-feira, 21 de março de 2008

323 velinhas

desta vez vou deixar algo melhor do que mais um post escrito em deslíngua.
para comemorar o aniversário de bach (o js), concertos de brandenburgo.

daquelas coisas que fazem o mundo valer a pena.

quinta-feira, 6 de março de 2008

(agora)

sem a música constante, todas as coisas fotografadas gritam, todas menos a boca.

terça-feira, 4 de março de 2008

oráculos do dia

57. sun/a suavidade (o penetrante, vento)

representa a filha mais velha e simboliza vento ou madeira. tem como atributo a suavidade, que é penetrante como o vento ou como a madeira em suas raízes. o princípio da escuridão, em si mesmo estático e imóvel, é dissolvido pelo penetrante princípio luminoso ao qual, com suavidade, se subordina. a qualidade penetrante do vento depende de sua constância. o tempo é seu instrumento. a ação repentina apenas assusta e provoca repulsa.

42. i/aumento

este período é semelhante a um casamento entre o céu e a terra, quando a terra participa da força criadora do céu, dando forma e concretude aos seres vivos. quando um homem recebe uma grande ajuda vinda do alto, deverá fazer uso desse aumento de força para realizar uma obra igualmente grande. em outras circunstâncias ele não teria nem a força necessária para assumir as responsabilidades implicadas num tal projeto.

[evolução do oráculo]


20. kuan/contemplação (a vista)

por um lado, contemplar. por outro, ser contemplado. hexagrama relacionado com o oitavo mês (setembro/outubro). o ritual de sacrifício na china começava com uma ablução e uma libação, com que se invocava a divindade. em seguida se oferecia o sacrifício. o lapso de tempo entre as duas cerimônias é o mais sagrado, o momento de suprema concentração interior. da contemplação emana um poder espiritual oculto que influencia e domina os homens, sem que eles estejam conscientes de que isso ocorre.

domingo, 2 de março de 2008

definitely, consistency

engolir a tônica.

em tentativa, seguir o ar robusto cujo nome, dele, nada diz.

órbitas fora de esquadro:
– a turgescência, colecionadora de submundos;
– o indistinto, condensador de superfícies.

transfiguram-se-lhes arestas, afiar amostras de cinzenta honestidade. em contrapostos, descompassos e transgressos.

nos entremeios dos fios de cinza, mentes eqüimateriais. mensurável, continuamente, a constante eqüidistância; escolhida, ensaiada, registrada.

(tentative title)



de um modo

espaço tomado por azul adelgaçante

silencioso

militimbrado


(reprise)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

a terra azul da cor de seu vestido

ontem, voltando pra casa, vi lá no horizonte provavelmente o que vejo com frequência mas cometo não notar. um 'bosque' reflorestado, daqueles de pinheiros, homogêneos e escuros. quando eu era criança, chamava isso de beleléu. os primos viajávamos com os nicolaus e íamos no caminho nomeando algumas coisas e paisagens. as florestas de pinheiros são os beleléus, mas ainda havia outro tipo, o cafundéu, que era composto por outro tipo de árvore. não sei qual, mas também dessas que repovoam espaços por aí.
fiquei olhando pro beleléu, aquela coisa longe e compacta meio verde-azulada, escutando clube da esquina, pensando nas coisas melhores do mundo. mas dizer isso, pensando bem, é uma metonímia, ou pode ser. parece que é substituir a mente por mundo. enfim, o beleléu é uma dessas coisas melhores da minha cabeça-mundo, daquelas que não sei bem como transplantar pra outras cabeças. e não pude escrever, do beleléu, metaforicamente como costumo fazer aqui, em forma de cifras, talvez porque quisesse ser prosaica como essa lembrança. mas ainda tem mais. na hora, pensei em estar no alto, olhar pro longe, escutar música de altos e longes e ao mesmo tempo de chão e proximidade. que era bem aquele olhar pro beleléu. e quando era criança, "ir pro beleléu" queria dizer morrer, ou sumir. eu tinha muito medo da morte, sonhava até com ela, tinha insônia. mas o beleléu era, quando passava pelo nosso carro na estrada, uma figura sofisticada na mente-mundo-criança, uma morte bastante mais metafísica. tinha fascinação por me perder do espaço comum, transitar pelos submundos mentais que se afastavam proporcionalmente ao deslocamento do carro ou das horas da madrugada, das páginas dos meus livros de criança, todos os meus movimentos experimentais primeiros.
e agora? parece que todas essas impressões ficaram, duvidosas, numa espécie de sudário dessa mente que só meta-morre, que se vê, volta e meia, às voltas e retornos, saídas e bandeiras com gosto de sol azul escuro.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

enovelar, anuviar, entretecer, emaranhar

engraçado que a música rara seja feita de tanta densidade. até as mínimas manifestas em longos intervalos, intercalantes. algumas, areia de regresso, outras, topografia de mobilidade. no ar, coluna que carrega, ainda, curioso, massa de quase-nada, a ânsia pelo inteiro. haru.

mono. sai de gorgorejantes e gotas aguagrandes, em burburicantes analgas até aportar aos trovejares.

(aborrecer?)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

pequena homenagem a vários músicos: alice coltrane, keith jarrett, erik satie, lyle mays, glenn gould

teclas em constante edição, usadas com propósitos que já se sabem débeis desde o início: entrar em mínima consonância ou até compasso tátil com outras longes e várias teclas. aproximar-se além do impalpável. fazer desenhos correrem por entre linhas e outros espaços correspondentes a padrões de interferência. se fazer interferir, isso sim, com as teclas. tentar promover a própria palavra tecla a possibilidade poética. não saber por onde ir para esconder os nomes eles próprios sem cifras.

enfim, desenrolar (ou confundir) as teclas em cordas
em caixas
em sopros
em correnteza
em passos
em estalos

até deixar assentar, até quase dormir.