segunda-feira, 1 de outubro de 2007

flusseriana

algumas expressões têm vícios. se digo "antigamente, as coisas funcionavam de forma tal" ou "hoje, ocorre x e y ao invés de z, como já foi praxe", qual é o efeito entrelinhado? nostalgia, possivelmente.

mas, veja, às vezes é preciso usar esse tipo de construção! mesmo sem a nostalgia. pode-se dizer que as coisas que ocorreram anteriormente agora já não são as mesmas e, portanto, fala-se de dois fenômenos diferentes em exemplos como o acima (no primeiro, não há a referência ao atual, já sei). não somos assim. por mais que a lida dos dias atuais seja permeada por números, cálculos e planos (não sou eu quem digo, é vilém flusser, e aqui não importa concordar, para efeito de postagem).

temos o comportamento esquizofrênico de contar o tempo, fatiá-lo nos relógios e compromissos, porém quando o mencionamos discursivamente, é sempre um rio só que submete os flutuantes e submersos. para isso ainda não se inventou a roda d'água.

4 comentários:

makuma disse...

Ainda que em muitas partes do mundo as pessoas nao sao escravas do tempo..Vivendo entre homens mas tambem do que a Natureza lhes da.
Dai a importancia de viajar.. Pegar na mochila e abracar a aventura. No passado Verao passei por Leh, durante uma viagem de dois meses no norte da India. Leh, e uma aldeia budista onde pessoas tem uma beleza muito dificil de descrever..."Juleh" e a palavra mais ouvida e significa bom dia, obrigado, por favor, de nada e adeus! -incrivelmente simples.
Acredito que aquela gente que conheci esta completamente em sintonia. A natureza e mundo dos homens em balanco perfeito.
Lembro-me de uma manha de Domingo em que acordei muito cedo. Passei pelas ruas estreitas observando o acordar daquela terra. So os templos, as lojas do pao e do leite estavam abertas. Percebi entao que podia ficar ali para sempre e viver em constante contemplacao.
Senti o triste que e viver nos labirintos urbanos, cheios de compromissos e carreiras, apegos materiais e sentimentos esbatidos.. O nao ter tempo para ser e estar com quem se gosta.. Entao tambem percebi que o meu lugar nao era ali pois embora ali tivesse tempo me faltava a familia e amigos.
Mais tarde nesse dia, estava a tomar um chai e a ler o Deus da Pequenas Coisas e entrou um homem por certo europeu e com um sorriso perguntou-me em que mes estavamos..Eu repondi-lhe: - Agosto; o que de imediato o fez rir ainda mais! Ja la estava ha 8 meses..
Tivemos uma interessante conversa em que ele me descreveu o processo: "Primeiro esqueces-te dos dias da semana, depois nao sabes em que semana estas, finalmente os meses deixam de fazer sentido.." Pelo meio vais-te lembrando de coisas mais importantes, que os teus "esquizofrenicos do tempo" tendem a esquecer..

E muito bom fazer um "reset" de vez em quando. Conta-me uma viagem que gostarias de fazer?

Makuma

Conde Vlad Drakuléa disse...

Como disse o Sr. ou Sra. Makuma acima, viajar é interessante e faz bem, se bem que a raça humana em sintonia em qualquer parte deste planeta-prisão seja difícil de imaginar por mais 'socialista' que seja a makunada sintonia... Porém, se a misteriosa e fascinante - ela deve ser vulcaniana disfarçada de terrestre -, MMG quiser conhecer a minha adorada e bela Transilvânia seria uma excelente aplicação de tempo e grana! Não, não tenho nenhuma agência de turismo! Porém, se quiseres me conhecer um pouco mais vá à castelodoconde.blogspot.com...Voei!

Conde Vlad Drakuléa disse...

Perdão querida, o endereço correto é castelodracula.blogspot.com! Sabe como é, memória de vampiro de mais de 500 invernos vive falhando!
Voei!

Anônimo disse...

Não sei se acredito em pessoas em perfeita sintonia com o tempo, até porque acredito que o tempo não seja perfeito. A falta de sintonia, no entanto, cria a busca por ela, e assim as coisas andam. Até para os povos mais pacíficos, creio. Não sou antropóloga, e mesmo se fosse, acho que não teria certeza de nada disso.
Gostaria de fazer muitas viagens, aqui e lá fora, não dá para enumerar. Quase qualquer viagem, mesmo.