segunda-feira, 26 de outubro de 2009

dores de crescimento

sou tão distraída hoje em dia. será que maturidade é, na verdade, concentração? às vezes digo umas coisas sem pé nem cabeça ou tenho opiniões equivocadas porque ignorei algumas variáveis importantes completamente, ou por ansiedade. ou será que inteligência é concentração? atenção é muito importante. perceptividade (pensei nisso no fim de semana). sou perceptiva para algumas coisas e outras me são quase invisíveis. na verdade, hoje acho que não percebo quase mais nada, vivo num equivalente menos infantil do mundo da lua. quando dizem que uma criança vive lá, é porque se esquece de escovar os dentes, tropeça nas coisas, não ouve o que a mãe diz. ou seja, ligo a expressão a essas reprimendas de adulto; umas razoáveis, outras não.
e hoje vivo no mundo w', digamos assim. é o mundo atual, com o mesmo repertório, porém a mobília está numa fase meio autista. analogias forçadinhas à parte, o irônico é que durante brincadeiras resgatadas da infância ou conversas sobre os modos da outrora escatológica pequena pessoa que fui me sinto menos distraída, menos nesse "mundo da lua" em que enfiam as crianças. elas estão ligadas, sim. muito enraizadas. lidam com as coisas assim que elas aparecem, mesmo que às vezes de maneira alegórica. nós adultos indulgentes sempre deixamos as coisas pra depois e lidamos com seus fantasmas. argh.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

voltou

não acho bobagem pensar que as coisas pedem um retorno. o fim da música é mais tranquilo quando volta para a tônica. pode ser bonito de outro jeito também. mas existe mesmo essa vontade de resolução pelo resgate.
a memória; nunca mais a subestimo. acho que mais de um ano se foi vivendo no presente. estou saboreando este momento de distorcer a conotação sempre positiva dessa expressão. viver no presente é a mentira mais idiota de que consigo me lembrar agora. parece tão infantil. sem a memória, como desfrutar de qualquer coisa? como sentir que se gosta de algo sem trazer um aprendizado dos sentidos?
recapitular e poder sorrir sozinha de conclusões e fazer ligações entre aquilo lá longe e essa coisa agora que poderia passar despercebida não fosse a memória.
engraçado, nunca gostei daquele quadro do dali, persistência da memória ou do tempo, ou o que o valha, mas bem, acho que tivemos um momento parecido.
sem ela, como eu iria olhar por esta janela aqui ao meu lado/minha frente e ter tanta riqueza de sensações e tanta profusão de palavras se acotovelando? não interessa agora se são bem encadeadas. nem escolhidas. sempre posso voltar e corrigir, se achar que devo. vou lembrar dos critérios, a partir deles talvez escolher novos. poderia descartar esta janela, desmerecer coisas e pessoas, a começar por mim. e é assim que as coisas se estavam encaminhando, de maneira sórdida e silenciosa ao mundo, incrivelmente alta à cabeça sempre quente, estragando travesseiros uma noite depois da outra, sem olhar lá pra fora, desperdiçando.
mas tem muito tempo ainda, e ele persiste. muito o que fazer.
e cada vez menos vergonhas. no plural, muitas e diferentes que eram.
depois de uma pausa, pensei agora que – de fato – vários posts aqui no blog de uma maneira ou de outra se relacionam à memória. e acredito (não fui verificar) que são positivos. aliás, francamente, essa é um característica que aprecio: escrever e se inspirar nos momentos bons. não necessariamente felizes, dá até preguiça de pensar o que é isso de fato, por isso digo "bons"; os momentos de descoberta (ou nada mais que resgate, ave sócrates), de retorno mesmo.
saturno, saturno. vou fingir que você é a lua só um pouquinho. pra poder olhar contemplando, um pouco teatral, algo como uma cerimônia, um ritual ingênuo, como os de adolescente.
mas no início, antes de largar este post, queria escrever um sobre a palavra 'yield'... acho que deu certo.